O debate acerca da introdução das novas tecnologias, das quais sou acérrimo defensor, no futebol parece que anda de novo na baila. Motivado mais uma vez por uma péssima arbitragem. A diferença, parece ser, que desta vez foi uma arbitragem consensual: foi péssima para os dois lados e ambos se sentem prejudicados.

Mas a verdade é que parece que no fundo, no fundo, ninguém está muito interessado em que os árbitros sejam perfeitos e ajudados por meios televisivos, por exemplo. Dá muito mais jeito poder corromper um árbitro e depois chegar ao pé dos lesados e pedir «imensas desculpas», mas ficar tudo na mesma: o falso resultado é que conta e o jogo, esse, foi apenas mero entretenimento.

O futebol é isso mesmo. Um entretenimento para o povo. Mas um negócio de milhões para alguns. E enquanto esses alguns quiserem fazer dinheiro e interessar que os poderes instalados se perpetuem a verdade desportiva será sempre inconveniente. Ou não será no mínimo curioso que nem o vanguardista Platini esteja disposto a aceitar o recurso a imagens televisivas nas principais provas da UEFA, em que, como se sabe, um erro pode custar milhões a uma equipa (que o diga o Guimarães)?

Mesmo em Portugal, a quem interessa a verdade desportiva? Suponhamos que o Leixões efectivamente é a melhor equipa este ano. Isso interessa a quem? Não interessará mais que um dos três grandes ganhe o campeonato, mesmo que ajudado? Ficarão mais adeptos contentes, vender-se-ão mais jornais e haverá mais receitas de bilheteira e televisivas. Tudo o resto são utopias, mas há que mudar mentalidades.