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quinta-feira, 23 de agosto de 2007
Entrevista a Paulo Alves nos M.F
Os Mestres do Futebol orgulham-se de apresentar uma entrevista concedida por Paulo Alves, treinador do Gil Vicente. Em discurso directo, confiram as opiniões deste técnico.

Antes de mais gostaríamos de agradecer a Paulo Alves pela sua disponibilidade.

Mestres do Futebol - Paulo Alves, como treinador do Gil Vicente, quais são os objectivos para esta temporada?

Paulo Alves - Essencialmente, é fazer com que a equipa seja extremamente regular, porque isso é o essencial para fazer uma boa época. Para já não queremos entrar em muitas euforias, vamos jogo após jogo ser uma equipa regular para depois no último terço do campeonato poder fazer contas e ver até onde podemos chegar. E eu acredito que com esta equipa podemos chegar longe.

M.F – Como passou de director desportivo para treinador principal de futebol?

P.A - Isso foi uma situação do clube. Foi em Alvalade, em que o meu antecessor (Ulisses Morais) teve um problema com o presidente do clube, António Fiúza. Eu por acaso não estava cá, estava no Brasil em prospecção, e foi aí que o presidente me ligou a dizer-me para regressar imediatamente a Portugal para me colocar a situação de que o clube não tinha capacidade financeira para contratar um treinador, e fez me o convite para treinar o Gil e eu não podia dizer que não. Foi nessa altura que tomei o comando do Gil e como sabem as coisas até estavam a correr muito bem, dentro do campo, pena foi a situação que se seguiu.

M.F – Neste seu ano e meio de trabalho qual foi a situação mais difícil de lidar?

P.A - Foram muitas as situações, mas claro que quando se prepara uma equipa para jogar na 1ª Liga, ter rotinas de jogo para um Campeonato onde o objectivo era claramente a manutenção, de repente, a 3 dias do Campeonato começar, colocam-nos na Divisão de Honra. É claro, uma situação muito difícil de lidar. Porque os jogadores que contratamos estavam motivados a jogar no principal escalão e de repente vêem-se num campeonato que não era o deles. É sempre complicado dar a volta a uma situação dessas, é sempre muito difícil e penosa, até porque depois nos custou pontos. Mas depois com o tempo as feridas começaram a sarar e a equipa começou a mostrar o seu futebol.

M.F - Foi muito complicado para um treinador jovem, levantar a moral do plantel gilista, depois do ‘’Caso Mateus’’?

P.A - Não foi fácil, nem para mim, que era um treinador jovem, nem para ninguém. É sempre uma situação difícil, mas aquilo que eu lutei aqui com os jogadores foi tentar encarar a realidade, porque ao fim de algum tempo apercebemo-nos que não havia volta a dar. Quando isso aconteceu vimos que tínhamos apenas 2 soluções: ou íamos todos por ‘’água abaixo’’ e ‘’afundávamo-nos’’ e acabaríamos por perder todos, ou levantávamos a cabeça enfrentando o desafio e tirar disso coisas positivas. Mas claro os jogadores como era natural, dificilmente foram aceitando, mas aos poucos, devagarinho, as coisas começaram a correr bem e conseguimos coisas positivas como a permanência na Liga de Honra, apesar das muitas dificuldades.

M.F – Na época passada, o médio Gouveia foi dispensado do clube. Quais foram as razões desse despedimento?

P.A - Foram razões normais no futebol. Aqui, eu exponho regras claras e muito simples e todos têm de as seguir. Somos profissionais e temos de traçar uma linha de disciplina, de carácter de entrega e de humildade, e temos de seguir essa linha senão não há uma equipa unida e sem essa equipa unida não se pode ganhar jogos. A determinada altura o Gouveia saiu dessa linha, e quem não seguir essa linha não tem lugar. Sou objectivo e esclareço isso logo no início da época e se alguém não estiver disposto a seguir essa linha não pode, pura e simplesmente, continuar.

M.F – Numa altura em que o futebol de formação é cada vez mais uma realidade, acha que o Gil Vicente tem feito um bom trabalho nessa área?

P.A - Sim, o Gil tem feito um bom trabalho nessa área, pena é que não haja grandes condições e quando não há isso não é fácil. Não é por falta de esforço, as pessoas não conseguem fazer um trabalho melhor porque não há condições para mais. Mas acredito que o Gil Vicente nesse aspecto pode melhorar no futuro, mas para já não tem essas condições. E, se formos a ver o Gil, neste momento, no seu plantel tem muitos jogadores fruto do futebol de formação e temos aproveitado isso ao máximo.

M.F – Como define o Futebol Moderno?

P.A - O Futebol Moderno de hoje em dia é ter uma equipa que funcione como um todo e é isso que eu tento explicar nas minhas equipas e nos meus jogadores. Esse todo, para mim, é que, os atacantes são os primeiros defesas e os defesas são os primeiros atacantes onde há mecanismos próprios da equipa que tentamos explorar. Mas a base de uma equipa, hoje, já não se limita a ter 3 avançados 3 médios ou 4 defesas ou noutro sistema. Por isso o futebol moderno funciona como um todo e pela entreajuda de todos em campo, onde se possa formar uma equipa ganhadora ao ponto de todos participarem nas vitórias, em que não possa ser só aquele jogador a marcar golo ou aquele guarda-redes a fazer grandes defesas.

M.F - Se fosse presidente do Gil Vicente, o que faria para trazer mais gente ao estádio?

P.A - (Risos) Isso não uma questão que se possa colocar a mim, porque neste momento não sou o presidente. Mas neste momento, isso não é uma realidade apenas do Gil mas sim de todo o país. Os muitos jogos que dão na TV são um dos factores para as pessoas não virem ao estádio, e aquilo que posso dizer, como treinador, é que nós como profissionais temos de fazer o nosso trabalho e praticar bom futebol para que as pessoas possam vir mais regularmente ao estádio. Sou das pessoas que entendo, que nós, como profissionais temos de ser humildes, trabalhar para ganhar e se as pessoas gostarem logicamente vem mais ao estádio e estou certo que esta época, isso possa vir a acontecer.

M.F – Já foi ponta-de-lança. Qual foi o golo que lhe ficou na memória?

P.A - Foram alguns, mas lembro-me especialmente de um. Foi quando Portugal foi campeão do mundo em 1989, em que no jogo de abertura marquei um golo de cabeça, um golo fantástico, que nos deu a vitória. Mais tarde esse golo permitiu-nos chegar à vitória, na final, e consequentemente conseguirmos ser campeões do mundo no Mundial sub-20.

Muito Obrigado pela disposição

Entrevista de Pedro Magalhães e Diogo Sousa
Pedro Magalhães & Mestres do Futebol 2009. Proibida a reprodução.
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