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segunda-feira, 28 de abril de 2008
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS: Os limites da Ética e da Verdade Desportiva
Muito se questionou ao longo da semana a legitimidade do Porto poder fazer descansar os seus habituais titulares nesta jornada frente ao Guimarães. Muito se questionou a ética e a verdade desportiva. O que teria acontecido se o Guimarães, na altura segundo classificado, tivesse levado de vencida um Porto amorfo que nada tivesse feito para ganhar? Cairia o Carmo e a Trindade.

Na realidade, a questão da Ética e da competitividade é necessariamente recorrente no futebol. Porque o futebol depende muito dos resultados alheios. Não me basta a mim ganhar, é preciso que os outros também ganhem ou percam. Isso condiciona os meus resultados.

Está alicerçado na mentalidade actual que num campeonato a verdade desportiva é defendida quando alguém entra em campo e tudo faz para ganhar. É este o objectivo do jogo, de cada jogo, deveria ser esta a máxima defendida. Até aqui tudo bem.

O problema é quando a realidade se intromete. E por realidade, aqui, entendam-se todos os interesses que envolvem o meu clube mas transcendem o simples campeonato que estamos a disputar.

Neste caso concreto, ao Porto, numa visão de futuro, interessar-lhe-ia que Benfica e Sporting se calhar não fossem à Liga dos Campeões. A simples perda das receitas que a prova milionária traz seria algo de compensador no ano vindouro como forma de enfraquecer os rivais. Seria, portanto, defensável entender que o Porto quisesse perder o jogo de propósito, neste campeonato que já tem ganho, como forma de enfraquecer os rivais para o campeonato seguinte. Alguém poderia condenar o Porto por pensar assim?

Aqui há uns anos, o mesmo Porto e o Marítimo eram finalistas da Taça de Portugal. O marítimo encontrava-se a meio da tabela classificativa. Longe de um lugar europeu, mas fora do risco de despromoção. Caso o Porto atingisse um lugar de acesso à liga dos Campeões, isso conferiria automaticamente ao Marítimo o direito de estar na taça UEFA na temporada seguinte, mercê ser o finalista da Taça, quer a vencesse quer não. A pensar desta maneira, era do interesse do Marítimo tentar vencer a taça, mas acautelando-se para que isso não viesse a acontecer, deveria o mesmo Marítimo perder o jogo para o campeonato como forma a dar pontos suficientes ao Porto para garantir o acesso à liga dos Campeões. Um raciocínio um pouco retorcido mas eficaz.

A verdade é que várias vezes ao longo da história nos deparamos com semelhantes situações: vencer nem sempre é o melhor para mim, para a minha equipa. No entanto perder é eticamente condenável e altera a “verdade desportiva”, porque pode influenciar negativamente o desempenho de terceiros em detrimento dos meus. Terá o meu clube forçosamente de dar o melhor de si em campo, mesmo quando sabe que isso lhe pode ser prejudicial? Que sistema afinal é este? Onde está o limite?

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