A discussão em torno da arbitragem tomou conta do futebol português.

Desde há algumas semanas quase não se fala de mais nada. Foram esquecidos os golos, as defesas, as equipas. Os protagonistas passaram a ser Pedro Henriques, Paulo Baptista, Paulo Costa e companhia.

A meu ver, para além de alguns erros claros e grosseiros – muitas vezes assacáveis a assistentes mais ou menos anónimos – o que está em causa é sobretudo um aumento do equilíbrio na luta pelo título, que faz com que cada ponto ganho ou perdido transfigure o aspecto da classificação, assumindo assim uma muito maior importância relativa.

Na verdade, em termos de preparação técnica, a arbitragem portuguesa deixa muito a desejar. Não creio contudo que exista hoje, ao contrário do que sucedeu no passado, uma tendência dominante e pré-determinada no sentido de beneficiar umas equipas e prejudicar outras. Os tempos do Apito Dourado – ainda que com alguns resquícios - já lá vão, e a Comissão de Arbitragem parece ter conquistado alguma independência.

Os erros têm sido graves mas aleatórios, ora favorecendo uns, ora beneficiando outros, ainda que naturalmente, e como em toda a história do futebol português, acabem por ser os três grandes, no computo geral, os mais protegidos, até pelo mediatismo que os seus jogos carregam. Mas lutar contra isto é lutar contra a chuva, pois na história da humanidade sempre se fez sentir a força dos mais fortes.

Quero acreditar que a segunda volta pode ser mais tranquila. Três boas arbitragens nos três clássicos das próximas jornadas constituiriam uma preciosa ajuda, e talvez afastassem o clima de suspeição em que parece mergulhado o campeonato por estes dias.

É necessário contudo que o fanatismo dos adeptos não tolha os raciocínios, e deixe perceber que ninguém tem nada a ganhar com um futebol em que se desconfia constantemente de tudo e de todos. Quando, independentemente do que se passou até aqui, todos os nossos clubes têm condições de vencer, é talvez a altura de darmos uma oportunidade aos árbitros de exercerem a sua função sem ruído.

*VEDETA DA BOLA é uma nova rubrica aqui nos Mestres do Futebol, assinada pelo blogger LF, que gentilmente aceitou o nosso convite.

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