Venho hoje falar de um tema que me pareceu interessante pronunciar, que é a diferença de qualidade entre a Primeira Liga e a Liga de Honra. Por vezes equilíbrio não é sinónimo de competitividade, e o segundo escalão do futebol português é a prova disso mesmo.

Quando o meu clube de coração, Gil Vicente, disputava o principal escalão do futebol português, muito raramente atentava à Liga de Honra e, pelos números e resultados das jornadas, até me parecia um campeonato interessante. Pelos motivos injustos que todos conhecemos, o Gil desceu e a Liga de Honra tornou-se o meu principal alvo. A curiosidade que tinha em torno da prova estava então prestes a desvanecer.

Percebi, porém, que a Liga de Honra não é o que parece. Há equilíbrio, é certo, e qualquer equipa pode subir. No entanto, a qualidade do futebol é medíocre. Hoje em dia, os clubes da Honra investem muito pouco nos seus plantéis e os melhores jogadores do campeonato são dispensas de todos os clubes da Primeira Liga. Chega mesmo a ser impressionante a falta de qualidade que há nas equipas. Um dos exemplos é o guarda-redes Marco, de já 33 anos, que é, muito provavelmente, o melhor guardião a actuar na Honra e no Belenenses era suplente… Infelizmente, exemplos destes são às centenas.


Para mim, os problemas estão à vista. Primeiro de tudo é a diferença assombrosa no apoio financeiro que a Liga de Clubes dá a um e a outro escalão. A nível de jogos televisionados, é possível ver que num campeonato são transmitidos cinco jogos por jornada, o que possibilita aos clubes receber lucros importantes na constituição do plantel, enquanto noutra é apenas transmitido um, e ainda por cima de manhã! Pode não parecer, mas esta diferença de jogos na TV é a principal razão para haver uma enorme discrepância entre os dois maiores escalões do futebol português. Sem dinheiro não há jogadores de qualidade.

Ora sem bons jogadores, o povo não vai à bola. E os clubes perdem dinheiro. Acaba por ser um ciclo vicioso. Parece-me, então, urgente dar mais apoio financeiro aos clubes da Honra para que a qualidade suba. Estranho é também os dirigentes dos clubes, que não apostam nos escalões mais jovens, onde, de certeza, haverá bons jogadores.

Haja Liga de Honra com qualidade!

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