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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Crónica do Peão: George Best e Vítor Baptista
A discussão à volta de quem foi o melhor número 7 da história do Manchester United ameaça a ordem pública nos pubs em redor de Old Trafford: George Best ou Cristiano Ronaldo? Como é possível que tenham caído na esparrela dos “media”? Eu estive lá, em Chester Road, no Castle Hotel, e ouvi bem aquele “red devil” segurando a “pint”: “Sir Eric Cantona, off course”.

Meti-me à conversa, que isto de beber uma lager sozinho não é coisa que se aconselhe a ninguém. “Oooh, Portugal??? Benfica??? Eusébio???”. Tudo isso, sim. Era inevitável. Lembrava-se de 68, claro, da final de Wembley: Manchester – Benfica (4-1). Três golos de George Best.

Best vestia uma camisola vermelha berrante, mas não era do Glorioso. Era um jovem de cabelos compridos, rebelde, irreverente, à frente do seu tempo, mas não era Vítor Baptista. Era o número 7 dos “red devils”, estonteante, glamoroso, longílineo, mas não era Néné. Foi um diabo vermelho, à solta, irrepetível, inacessível, irresistível, mas não era Chalana, nem José Augusto, nem Simões. Levou a equipa às costas, porque era ele e mais dez, mas não era Coluna. Era Best, o melhor deles todos, o mais fantasista, o mais idolatrado, o ícone, mas não era Eusébio.

Morreu novo, como Vítor Baptista. Marcou uma era, um modelo de jogo, uma postura, uma atitude. Não faz mal que tenha coroado as suas melhores exibições contra o “meu” Benfica, o sempre Glorioso. “It´s ok, lad”.
“The old man in the pub”, rectificou. Best, primeiro, Cantona, depois, a seguir vem, talvez, Cristiano Ronaldo. Talvez… “I saw Best and Eusébio. What a match… what a fantastic final…”, e um novo gole na “pint”.

O meu baú das melhores recordações ainda chega aí. Num lugar especial da memória tenho guardada a equipa invencível: Bento; Artur; Humberto; Germano e Cavém; Jaime Graça; Coluna e Chalana; José Águas; Eusébio e Vítor Baptista. Que me desculpem os imortais: Simões; José Augusto; Torres; Néné; Toni; Shéu; Diamantino; Alves; Ângelo; José Águas; Vítor Martins. E tantos e tantos, Meu Deus !!!

Viram bem: Vítor Baptista; Eusébio e José Águas. Um hino, uma epopeia, um épico. Como “Casablanca”. Como um Beethoven compondo o “Hino da Alegria”. Como Miguelângelo pintando o tecto da Capela Sistina. Pinceladas de génio, de arte, de plasticidade única, intangível, imaterial.

George Best morreu, nas não nos corações daqueles sofredores dos pubs de Manchester, que viveram o trauma da tragédia de Munique, em 1958, e o desaparecimento de oito “Busby boys”.
Vítor Baptista morreu, mas não naqueles corações febris da malta do Terceiro Anel numa solarenga tarde de Domingo, em jogo de clássico. Ele de cócoras no relvado sagrado, depois de golo monumental ao Sporting. Nós aos abraços no sítio mais único do Mundo, bem no centro do Inferno da Luz.

George Best e Vítor Baptista. Duas almas gémeas. Benfica e Manchester United. Duas faces do mesmo amor ao futebol-espectáculo. Nas cavalgadas heróicas de um e outro, de vermelho vestidos, de cabelos ao vento, de raiva e loucura e doce ilusão na cara – eu recuo à adolescência, à inocência, de quem ama o jogo pelo jogo. Sem truques, nem jogadas baixas.
Pedro Fonseca
Editor do blogue

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