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segunda-feira, 17 de março de 2008
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS: Consequências das rivalidades Europeias
Um fenómeno que continua a ser corrente no futebol nacional e que é imperativo de mudar, se quisermos ser realistas, é o das rivalidades entre clubes nacionais nas provas europeias.

Não faz absolutamente sentido nenhum um adepto Sportinguista ficar contente com a eliminação do Benfica aos pés do Getafe. Muito menos um Portista pode ter ficado satisfeito quando Sporting perdeu a final da taça UEFA frente ao CSKA de Moscovo em 2005.

Porquê? Simples. Os rankings que governam os sistemas de atribuição de vagas, e que condicionam os potes dos sorteios da UEFA, obedecem a regras claras e precisas, nas quais, um clube é avaliado pelas suas prestações dos últimos cinco anos em 2/3. Mas o terço restante corresponde à prestação do país no seu todo, o conjunto de todas as equipas.

Assim, fique-se a saber, a título de exemplo, que os pontos que o Porto tinha em 2005 colocavam-no em posição de estar entre os melhores da Europa, a par do Arsenal. E que faltavam umas meras centésimas para que o Porto ultrapassasse o dito Arsenal. Ora, todas as equipas portuguesas já tinham sido excluídas pelo que não poderiam somar mais pontos. Restava o Sporting. E todos os pontos que o Sporting somava para ele próprio, revertiam também para o ranking do país e, consequentemente, contribuíam em um terço para o ranking de todas as equipas.

Se o Sporting tem calhado a ganhar a final da Taça UEFA em 2005, os dois míseros pontos conquistados pelo Sporting, essa “ridícula” quantia, que seria adicionada ao total do país, e consequentemente depois ao total de cada clube, teria sido suficiente para que o Porto ultrapassasse o Arsenal no ranking.

Qual a importância disso, pergunte-se agora? A resposta é que, por via desse ordenamento, o Arsenal foi a última equipa do pote 1, no ano seguinte no sorteio da Liga dos Campeões e o Porto foi a primeira equipa do pote 2. Caso o Sporting tivesse ganho a taça UEFA, o Porto teria ultrapassado o Arsenal e, logo, ficado no pote 1.

O interesse de se ficar um pote acima num sorteio de fase de grupos é tremendo. Porque se evitam as equipas desse pote, neste caso, mais fortes e apanham-se as mais fracas. Lembremo-nos que justamente nesse ano, o Porto acabou por ser eliminado da Europa com um último lugar do grupo, onde estava o Inter de Milão como representante do Pote 1. Tivesse sido o Poro cabeça-de-série no lugar do Arsenal, o sorteio teria sido completamente diferente e se calhar o Porto teria feito melhores resultados.

Este efeito bola-de-neve, contribuiria para que as outras equipas estivessem com melhor ranking nos anos que se seguiram. Mais uma vez, qual a importância disso?

Veja-se Sporting este ano, que foi a primeira equipa do pote 3, e poderia ser a última do pote 2, com uns pozinhos a mais que tivessem sido amealhados. Em lugar de Manchester e Roma, já não apanharia a Roma e, logo, aumentaria em muito as possibilidades de passar à ronda seguinte, porque apanharia um adversário de gabarito mais parecido com o do Dínamo de Kyiv.

Mas ainda mais grave que as consequências periféricas deste sistema, tal qual está implementado, são as consequências imediatas: o somatório destes últimos cinco anos atira Portugal para um lugar fora do top6.

Só o campeão nacional terá lugar garantido na fase de grupos a partir de 2009-10. E não vale a pena escamotear a realidade: isso é mau. E o mais fervoroso adepto pode clamar “Eu quero é que a minha equipa ganhe os jogos todos e os outros não interessam. Se nós ganharmos sempre, ganhamos as taças todas venha quem vier”. Pois sim.

Só que para isso tem de contar que pelo caminho em lugar de ter dois ou três oponentes fáceis, poder descansar e rodar o plantel e manter-se fresco em todas as frentes, conta com jogos sempre de grau de dificuldade extrema contra as principais potências da Europa, que em virtude do seu poder económico, tenderão a ganhar-nos sempre.

Por isso fica o apelo: união na Europa. O sistema está feito para isso. Se todos ganharem, se todos torcerem uns pelos outros, se todos apostarem na Europa, os rankings sobem, os sorteios são mais favoráveis. É mais fácil apanhar oponentes de países com baixo potencial futebolístico, é mais fácil fazer uma gestão a longo prazo. E entramos num ciclo positivo: começa a ser possível conciliar várias frentes mantendo sempre um alto nível de competitividade, e com possibilidades de sucesso em todas elas.

«A união faz a força». Já não chega apostar no nível interno. Veja-se de onde vêm as maiores receitas. E Portugal não se pode dar ao luxo de as desbaratar se quer manter o nível do seu futebol, ou subi-lo.

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